Inovação em Tecnologias Minerais
29/04/2025

Parcerias entre as indústrias e instituições de ciência e tecnologia criam soluções inovadoras para a mineração

Até pouco tempo atrás havia a impressão de que a mineração era uma atividade industrial pouco inovadora, fato que não é verdade. Cada vez mais as tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0, como internet das coisas, robótica, inteligência artificial, visão computacional, realidade virtual e aumentada, entre outras, fazem parte do cotidiano das operações na mineração.

Com a missão de realizar pesquisas que acelerem a transformação da mineração para uma economia de baixo carbono, sustentável, ambientalmente e socialmente segura, surge uma instituição de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD+I) privada e sem fins lucrativos com atuação nacional, o Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias Minerais (ISI-TM). 

O instituto trabalha com três grandes pilares: tecnologias limpas - reuso, reciclagem e monitoramento de resíduos e efluentes e aplicação da biotecnologia mineral no processamento (biomineração) e tratamento de resíduos; verticalização mineral - desenvolvimento de novos produtos e processos a partir de estéreis e resíduos da mineração, trabalhando os conceitos de economia circular e; infraestrutura e segurança, com adoção das tecnologias da Indústria 4.0 para a transformação digital da mineração, redução de acidentes e aumento da confiabilidade dos equipamentos. Nesta entrevista com Adriano Lucheta, diretor do Instituto, você vai conhecer um pouco mais sobre o que tem sido desenvolvido na área.

“Essas tecnologias podem ser empregadas desde as etapas de prospecção mineral, a partir de levantamentos aéreos utilizando drones e sensores multiespectrais, aplicação de IA para análise de bancos de dados geológicos e na criação de litotecas digitais. Nas operações são cada vez mais comuns a presença de equipamentos automatizados, como caminhões, escavadeiras e perfuratrizes, que podem ser autônomos ou controlados remotamente”, avalia Adriano Lucheta, diretor do Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias Minerais.

Outro ponto fundamental é a aplicação da tecnologia para a capacitação profissional e redução de acidentes. Como exemplo, o SESI e SENAI-PA coordenam um programa de redução de acidentes com as mãos, em parceria com a Vale, dotado um game desenvolvido pelo ISI-TM em ambiente de realidade virtual, simulando a operação de equipamentos manuais, como: furadeira, esmerilhadeira e máquina de soldas, reforçando assim os conceitos de segurança do trabalho. 

Esses são apenas alguns exemplos, mas ainda existe um grande espaço para o crescimento da Mineração 4.0, que ocorrerá a partir da melhoria na conectividade e do poder de processamento computacional nos próximos anos.


Parcerias

Um projeto bastante emblemático é parceria da Hydro com o ISI-TM para o desenvolvimento de um condicionador de solos a partir do resíduo da bauxita. O condicionador foi produzido a partir do processo de compostagem de resíduos orgânicos agroindustriais e do resíduo de bauxita, tendo entre suas principais propriedades o aumento da capacidade de retenção de água e nutrientes no solo. 

O novo produto tem potencial para substituir parcialmente ou totalmente os fertilizantes minerais, amplamente usados na agricultura e dependentes de matérias primas importadas para a sua produção, buscando contribuir para aumentar a fertilidade dos solos amazônicos. “O condicionador ainda está em fase de protótipo, mas o plano é produzi-lo em grande escala para uso em projetos de revegetação e cultivo de biomassa para a produção de energia, substituindo fertilizantes químicos e contribuindo para o meio ambiente”, explica Adriano. 

Este projeto foi vencedor do prêmio TMS Light Metals Award 2020, promovido pela The Minerals, Metals & Materials Society. A premiação, realizada nos Estados Unidos, é considerada uma das mais importantes do setor de metais e avalia projetos de inovação a nível global. Esta foi a primeira vez que um estudo realizado no Brasil foi eleito pela instituição, concorrendo com mais de 400 trabalhos no mundo todo.


COP 30

A COP 30 será uma oportunidade única para a discussão de soluções de longo prazo para os desafios ao desenvolvimento sustentável na Amazônia. Neste sentido, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) uniram forças para liderar e mobilizar parceiros, incluindo o SIMINERAL, em um processo de construção de uma nova agenda econômica, social e ambiental do setor na Amazônia, denominada Jornada COP+. 

Durante a Jornada COP+ vem sendo realizados debates de alto nível e o compartilhamento de projetos de sucesso sobre temas como bioeconomia, transição energética e descarbonização, transformação digital, reforma tributária e infraestrutura, dentre outros essenciais nessa nova agenda socioeconômica e ambiental, que transcenderão a própria COP30 e moldarão o setor industrial paraense e brasileiro rumo a uma transição energética justa e ao crescimento sustentável.

“Como parte da Jornada COP+, o ISI-TM coordenará duas maratonas de inovação (Hackathons) pré-COP sobre temas voltados à inovação e sustentabilidade e apresentará cases de sucesso nas áreas de bioeconomia e economia circular na mineração durante o evento principal, em novembro de 2025”, conta Adriano. 


A mineração em 10 anos

Eu dividiria os desafios da mineração mundial para os próximos 10 anos em dois grandes eixos, que de certa forma se conectam: a disponibilidade de recursos geológicos de alto teor/sustentabilidade ambiental e as oscilações geopolíticas/políticas protecionistas. 

“Com a demanda crescente por agrominerais, por exemplo o fósforo e o potássio, e os minerais críticos necessários para a transição energética, teremos que lidar no futuro próximo com reservas cada vez mais escassas e minérios com menores teores de elementos de interesse. Teremos que desenvolver novas metodologias para o processamento desses minérios dentro de um custo aceitável, bem como, reprocessar materiais até então considerados como resíduos”, avalia Adriano.

Nesse sentido, o Brasil precisará investir massivamente em projetos de pesquisa mineral para o mapeamento dos recursos minerais e em pesquisas para o aumento da eficiência no processamento mineral. Do ponto de vista ambiental, a mineração brasileira já possui hoje vantagens competitivas por utilizar, em sua grande parte, fontes de energia limpas e emissões de gases do efeito estufa reduzidas, comparadas a outros países, mas que ainda não se refletem no valor pago pelo mercado.

Do ponto de vista estratégico, o Brasil possui grandes reservas polimetálicas, por exemplo na região de Carajás-PA e novos depósitos de terras raras e lítio (ex. Minas Gerais, Bahia, etc), que se bem aproveitados, poderão garantir a soberania nacional em um cenário global instável, seja em regiões de conflito ou pelo fortalecimento de políticas econômicas protecionistas. 

Resumindo, o Brasil possui novas reservas geológicas a serem mapeadas e exploradas, sustentabilidade ambiental inigualável e estabilidade democrática para ser tornar um dos principais players da mineração no mundo nos próximos 10 anos.   


Sobre o Instituto

O ISI-TM faz parte de uma rede composta por 28 Institutos SENAI de Inovação, localizados em 12 estados brasileiros, que atuam de forma complementar. A rede ISI já atingiu números bastante expressivos, desde a sua criação, tendo realizado mais de 3.700 projetos de PD&I com mais de 1.360 indústrias, movimentando cerca de R$ 2.7 bilhões em inovação industrial. De forma natural, as primeiras parcerias são buscadas dentro da própria rede, porém, não excluem a necessidade de outras parcerias com universidade públicas, privadas e instituições de ciência e tecnologia no Brasil e no mundo. 

Neste momento, o ISI-TM está iniciando um processo de internacionalização, que permitirá o intercâmbio de pesquisadores para universidades e centros de pesquisas relevantes no setor mineral mundial. 

“Como já colocado anteriormente, nossa missão institucional é contribuir com a transformação da mineração para uma economia de baixo carbono, sustentável, ambientalmente e socialmente segura. Essa preocupação é sempre considerada durante a concepção dos projetos de pesquisa, buscando, em parceria com as empresas parceiras, o alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e as políticas públicas nacionais, como a Nova Indústria Brasil (NIB)”, conta Adriano.

E ele complementa: “nosso portfólio inclui diversos projetos voltados para a valorização de resíduos e estéreis da mineração, captura de carbono e reabilitação de áreas pós-mineração, aplicando o estado da arte em termos de tecnologia e inovação. Nosso desejo é que mais mineradoras conheçam o nosso trabalho e se juntem nessa missão!”.

Conheça mais o Instituto: https://www.senaipa.org.br/isi-tm

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